quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Pausa no jogo de Xadrez

- Ele tava vendo Besouro com um amigo.
- Cópia pirata né? Ainda não chegou na locadora.



Eu não baixo filme nacional. Se quero muito mesmo ver vou até o cinema, senão espero que um dia passa na TV; não vai ser dublado mesmo e provavelmente com poucos ou nenhum corte.

Mas O Mistério de Feiurinha eu cheguei a baixar. Ânsia de ver se o livro do qual eu gostava tanto na infância estaria realmente legal na tela. O problema todo foi a Xuxa.

A última vez que vi um filme com a Xuxa e gostei foi Lua de Cristal, na ocasião de lançamento. Lembro que assistia o filme muitas vezes por dia quando saiu em VHS. E toda vez que passava na TV (e passava muitas vezes no ano). Eu tinha inclusive a roupa da Xuxa, da marca O Bicho Comeu.

Só que eu queria ser igual a Duda. Eu tinha 6 anos, queria andar de skate, usar roupas coloridas e largadas com um monte de acessórios coloridos e chamativos, tipo aquele boné dela. Quase um Fresh Prince. Bom, coloridas minhas roupas costumavam ser, até os tênis, vermelhos, rosas, multicolor. Mas nunca fui descolada igual a ela nessa época.

Era uma coisa que eu devia ter feito e naquele momento. Porque isso iria definir toda formação de uma forma diferente. Então eu teria sido uma adolescente com postura diferente. Seria uma adulta com outra postura também. Qual seria ela? Menor ideia. Seria melhor? Também não sei.

Só sei que tenho essa frustração de nunca ter sido igual a Duda nos meus 6 anos, até meus 9 anos... e que isso marcou uma personalidade diferente em todos os anos subsequentes. E que eu queria muito ter sabido, hoje, que outras marcas me esperavam se eu tivesse feito aquilo que queria, podendo fazer, mas por algum motivo inato... não fiz.

Eu sei que posso simplesmente mudar minha postura pra qualquer outra que desejar, assim que desejar. O que eu desejo é que não precise desejar nada, apenas ser. E não dá pra apenas ser alguém que você não é, mas gostaria de ser, pelo simples fato de que é o que você gostaria. Tem que conviver o tempo todo que isso foi apenas o que se quis. Uma vez que se quis algo, então já não é natural. Simplesmente: não é.

Não gosto de não ser. E quanto mais eu queira, menos gosto.

O paradoxo que toma minha mente o tempo todo? O “não querer”, já é um “querer”. Ô raiva disso tudo...

(volta ao jogo, depois de postar)

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