quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Coisas que minha mãe não (me) entende - #01

Hoje quis dormir mais 15 minutinhos, saí apressada e quando estou no ônibus me dei conta que não peguei o jornal. Quando vou ligar pra minha mãe, pra que ela deixasse separado, me dei conta que não havia trazido o celular também.

Falta de ar, náuseas, síndrome de pânico... uma parte de mim estava faltando, um orgão, tipo, quase um rim. Pensei em descer do ônibus e voltar pra buscar várias vezes ao longo do caminho, enquanto o ônibus ia se afastando de minha casa cada vez mais.

Tentei me conformar, afinal, se as pessoas, inclusive eu, viveram por tantos anos sem este artefato, o que poderia me causar um dia a mais?

O barulho da rua me incomoda, mas não tinha mp3. Tentei me acostumar e abstrair olhando a paisagem. Passei por lindas paisagens e um impulso de tirar fotos me saltou, mas não tinha câmera. Revoltada por não poder tirar as fotos, quis despejar no twitter, mas não tinha internet. Tentei então pensar sobre a vida e em meio aos devaneios gostaria de saber como se diz goiaba em inglês, mas não tinha o tradutor. Não podia sequer ouvir à CBN e saber como estava o trânsito. Como era possível a vida sem um celular??? Não me lembro!

E carregando tanta angústia, num banco apertado, sendo o último lugar do ônibus o que estava ao meu lado, eis que chega uma senhora, de uns 45 anos, mas nada conservada. Primeiro me tira um Guara Plus pra tomar um remédio. Depois abre o pacotinho do mais fedorento dos biscoitos de queijo que pode existir, e degusta lentamente durante o trajeto.

Eu pensei em dizer a ela sobre os riscos de cancêr que esse tipo de alimento pode provocar, uma vez que era impossível pegar o pacote e jogar pela janela, era daqueles vidros inteiros que não se abrem. Pensei em dar R$2,00 pra ela comer um pastel ou coisa do tipo quando descesse do ônibus, contanto que guardasse aquilo. Mas me contive a me enrolar no cachecol, com o nariz todo tampado e tentei, em vão, dormir.

Tudo que penso depois disso é que se eu tivesse voltado pra buscar o celular eu não teria tal companhia durante a viagem e tudo teria sido mais feliz.

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